A carta...

Meu amor:

Tem sido tão difícil continuar a acordar todas as manhãs sem ti ao meu lado. A cama tornou-se infinitamente grande só para acolher o meu corpo, sem ti perco-me na sua imensidão. Continuo a agarrar-me à tua almofada de manhã, fecho os olhos e voltamos a juntar os nossos corpos na mesma cama que contigo se vai tornando cada vez mais pequena e acolhedora… A tua essência ainda se mantém entranhada na almofada, nos lençóis, no quarto, na minha vida…
Tomei a dose extra de café pela manhã, para me manter em pé com menos esforço do que tem sido habitual. Preocupante é que o vício do café não é inversamente proporcional ao do tabaco. Eu continuo a lembrar-me constantemente dos teus avisos e da preocupação que tinhas sobre o meu estado de saúde, acho que é esse o motivo de uma dose relativamente controlada de cafeína e nicotina no meu organismo.
Sinto que estou cada vez mais isolada do mundo, ou o mundo isolado de mim, já não sei… Sei que no momento, só posso contar contigo, com estas cartas que escrevo, mesmo sabendo que infelizmente nunca as poderás ler.
Faz dois anos e meio que, enfim, que partiste, que tomaste a decisão irremediável de me deixares à mercê deste mundo medíocre, sem a tua protecção, sem o teu apoio.
Sei que não te tenho dito nada de novo, mas por enquanto é assim que (sobre)vivo.


Eternamente tua,
Ana

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