Reflexo

Ao cruzar-me novamente contigo, comecei a entender parte da nossa (minha) relação doentia, do amor-ódio, da calma-desespero…
Foi ao ver o teu semblante caminhando na minha direcção, que decidi evadir-me de tudo o que me rodeava. Comecei assim a perceber o início da minha transformação.
Ouvindo apenas o ecoar dos teus passos pude finalmente aperceber-me da deformação do meu Ser. À medida que te foste aproximando, o meu corpo foi-se contraindo e dilatando, foi-se tornando progressivamente duro e seco (por momentos pensei que inalasse a podridão do meu próprio Ser).
No instante em que nos cruzámos, descobri… Sou apenas o espelho, o espelho que tanto evitas! Afinal não é a mim que ignoras, não sou eu que sou desprezível aos teus olhos… És Tu!
A podridão que solto é apenas um mero reflexo; o reflexo do que és, do que somos e do que sou quando estou contigo. Sendo o teu reflexo, só assim te pertenço, sem vontade e sem escolha, sou a subsistência do Nós!

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