Saudades!

Numa daquelas noites, em que espero desesperadamente que o sono me invada, sentei-me de pernas cruzadas na cama enquanto ia desdobrando os mil pedaços em que a carta se encontrava. É uma das cartas às quais nunca tiveste acesso, uma das que ficam guardadas no fundo da gaveta à espera do momento certo para serem divulgadas. Relembro com um sorriso, misto de tristeza e saudade, os tempos em que foi escrita… Não era necessário a data marcada para saber exactamente o dia em que a escrevi, são momentos que estão gravados e dificilmente serão esquecidos.

Senti-me a recuar no tempo, senti saudades…
Senti saudades do tempo que passávamos juntos em que não existia tempo. Senti saudades dos teus beijos, das tuas carícias. Senti saudades dos teus sussurros ao ouvido. Senti saudades das tuas mãos a tocarem suavemente no meu cabelo. Senti saudades do calor dos teus abraços, do teu perfume, do respirar calmo, cada vez que apoiava a cabeça no teu peito.
Sim, sinto saudades desses tempos que agora apenas residem na minha memória! Tenho saudades minhas, de quem era e como era quando estava contigo…

Voltei a dobrar a carta, pelos mesmos vincos em que ela já tinha sido dobrada vezes sem conta e guardei-a no canto que sempre lhe foi destinada.

A claridade do novo dia começa a interferir nos meus olhos, sinto o ressoar dos passos da minha mãe, seguidos de um aviso “Acorda! Já e tarde.”

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